Não sei em que cor da paleta caiu a seta da protecção civil para a ventania desta tarde, porque há muito que não lhes ligo e desconfio dos seus alarmismos pouco assertivos. O certo é que o maldito não se cansou depois duma noite inteira de soprar forte e hoje pela manhã continuava a andar pelas ruas do Porto empurrando pelo peito ensonados cidadãos, que de saco do expresso na mão, se encaminhavam para a Lusitana em busca do bata-bicho pasteleiro. De tarde, 110 quilómetros a sudeste, uma hora de ventosa viagem volvida, eis-me no Paço com um céu de limpeza absoluta: nem um fio de nuvem, nem um traço de avião. Nada: só o azul muito muito transparente, com as serranias da Gralheira como se estivessem focadas por lentes gigantes, limpíssimas, deixando ver pormenores do longe, que noutros dias só de binóculo se alcançam. É a natureza no seu melhor: este bendito vento (que só é maldito se nos contraria e arrefece), quando aparece assim maluco, limpa a terra e limpa o céu, até mesmo aquela fina humidade do ar que por aqui se mete entre os nossos olhos e a serras, como que se andássemos a ver com lentes sujas de rastos de lesmas. Que luz espantosa! Abençoado vento no Paço. A foto acima fala por mim. Maldito vento no Porto!
Relatos dos dias de reactivação da vida no Paço da Torre de Figueiredo das Donas, tantos anos depois de sepultado em ruínas www.pacodatorre.pt
sábado, 22 de janeiro de 2011
O paço numa tarde de vento e numa noite de calma
Não sei em que cor da paleta caiu a seta da protecção civil para a ventania desta tarde, porque há muito que não lhes ligo e desconfio dos seus alarmismos pouco assertivos. O certo é que o maldito não se cansou depois duma noite inteira de soprar forte e hoje pela manhã continuava a andar pelas ruas do Porto empurrando pelo peito ensonados cidadãos, que de saco do expresso na mão, se encaminhavam para a Lusitana em busca do bata-bicho pasteleiro. De tarde, 110 quilómetros a sudeste, uma hora de ventosa viagem volvida, eis-me no Paço com um céu de limpeza absoluta: nem um fio de nuvem, nem um traço de avião. Nada: só o azul muito muito transparente, com as serranias da Gralheira como se estivessem focadas por lentes gigantes, limpíssimas, deixando ver pormenores do longe, que noutros dias só de binóculo se alcançam. É a natureza no seu melhor: este bendito vento (que só é maldito se nos contraria e arrefece), quando aparece assim maluco, limpa a terra e limpa o céu, até mesmo aquela fina humidade do ar que por aqui se mete entre os nossos olhos e a serras, como que se andássemos a ver com lentes sujas de rastos de lesmas. Que luz espantosa! Abençoado vento no Paço. A foto acima fala por mim. Maldito vento no Porto!