sábado, 22 de janeiro de 2011

O paço numa tarde de vento e numa noite de calma


 Não sei em que cor da paleta caiu a seta da protecção civil para a ventania desta tarde, porque há muito que não lhes ligo e desconfio dos seus alarmismos pouco assertivos. O certo é que o maldito não se cansou depois duma noite inteira de soprar forte e hoje pela manhã continuava a andar pelas ruas do Porto empurrando pelo peito ensonados cidadãos, que de saco do expresso na mão, se encaminhavam para a  Lusitana em busca do bata-bicho pasteleiro. De tarde,  110 quilómetros a sudeste, uma hora de ventosa viagem volvida, eis-me no Paço com um céu de limpeza absoluta: nem um fio de nuvem, nem um traço de avião. Nada: só o azul muito muito transparente, com as serranias da Gralheira como se estivessem focadas por lentes gigantes, limpíssimas, deixando ver pormenores do longe, que noutros dias só de binóculo se alcançam. É a natureza no seu melhor: este bendito vento (que só é maldito se nos contraria e arrefece), quando aparece assim maluco, limpa a terra e limpa o céu, até mesmo aquela fina humidade do ar que  por aqui se mete entre os nossos olhos e a serras, como que se andássemos a ver com lentes sujas de rastos de lesmas. Que luz espantosa! Abençoado vento no Paço. A foto acima fala por mim. Maldito vento no Porto!


Mas a noite chegou calma,embora fria, e inspirou-me a pegar na Lumix, ligar as luzes exteriores, saltar para a rua, escolher o programa céu estrelado, dar-lhe 15 segundos de exposição, e aqui está esta foto nocturna do Paço, tirada do lado sul da casa. Gostei!Acho que esta ainda vai parar ao site...