domingo, 20 de março de 2011

Primavera boreal, equinócio de Março, vidas renovadas - um olhar a partir do Paço

Terra fumegante
A natureza este ano esmerou-se na pontualidade e eis que neste fim de semana, que coincide com o calendário do equinócio de Março, a natureza nos brindou com temperaturas elevadas e muito muitas horas de  sol limpo, qual holofote gigante a iluminar os rebentos nos ramos, as flores que já abriram, os campos atapetados de verde, a nuvem difusa avermelhada das copas das florestas de carvalhos. Até a lua se juntou à festa: aproximou-se mais de nós e, enorme, como se grávida de nove meses, abençoa os animais que nesta altura quase não dormem, na excitação dos dias convidativos à sementeira nos ventres das fêmeas em cio.
A vivência deste tempo no Paço assume um sabor especial, por ser o primeiro depois de concluída a reconstrução. No sábado começámos por fazer uma plantação de mais oito laranjeiras e tangerineiras ali bem próximo da piscina dos pequeninos, e já estamos a imaginá-las a dar flor bem cheirosa e frutos ultra doces, para delícia dos que por aqui pararem no futuro. Estas árvores vêm juntar-se a várias outras
que já cá vivem. Só que desta vez a sua origem é dum viveiro de Rocas do Vouga, próximo do Paço, com um clima muito idêntico e, portanto, com maiores possibilidades de sucesso.
Terra pronta para plantar laranjeiras
Uma das fotos que publico mostra a terra fumegante após a abertura das covas para a plantação. Lindo! Aqui temos a prova de que a terra tem vida nas suas entranhas.
Árvores floridas no Paço com a Serra da Arada em Fundo

Loureiro com fruto
 A Michelle está no início do seu primeiro cio e esta noite passada já não pode ser solta em conjunto com o Barack, para grande sofrimento dos dois. Ternamente, o macho passou a noite próximo da casa da fêmea, só de lá saindo para vociferar contra o que julgava ser um intruso na área do Paço. Compensei a Michelle dando-lhe uma manhã de inteira de liberdade, na qual ela mostrou a sua excelente forma de roedor de objectos duros em cima dos relvados. No final da tarde demos uma volta pelos extremos da quinta, levando também o Barack, mas com rédea curta: foi um festim de cheiros e mijadelas sobrepostas, com o macho cuidados de marcar o seu território a informar que a fêmea que por aqui está é sua.

Pela primeira vez observei os loureiros com bagas, que nesta altura julgo serem frutos ainda verdes, o que parece ser confirmado pela wikipédia (Na ilha da Madeira, o óleo obtido da baga do loureiro endémico é conhecido por possuir propriedades anti-inflamatórias, sendo utilizado localmente como remédio caseiro para diversas maleitas, podendo cada litro atingir preços de mercado elevadíssimos). Normalmente o loureiro é uma árvore bonita, pela sua forma elegante e pelo brilho das suas folhas, mas nesta altura, com o fruto já formado, verde mais claro que o das folhas envolventes,  percebemos porque é que os romanos e os gregos a utilizavas para as mais altas distinções. E gostei de saber do valor económico do óleo: com a enorme quantidade que temos aqui no Paço ainda faremos aqui uma fábrica da rica gordura.

Loureiro, ninho no carvalho e S. Pedro do Sul e Serra da Arada

Árvore com rebentos

Cerejeira com rebentos e flor com a Serra da Arada em fundo
 E ainda ontem prestámos homenagem à Primavera fazendo mais um corte nos relvados, assim como que fazendo a barba à natureza, para ela estar impecável na recepção ao Primeiro Verão (Prima Vera). Finda a rapadela passámos-lhe um after shave de água do furo do Paço, de perfume neutro.
O sol começou a inclinar-se para a Serra da Freita, e, agradecido pelo nosso cuidado, ofereceu-nos mais uma série de fotos suas nestes preparos de dormir, que nos deixam sempre com a sensação de que o que é bom acaba depressa. E desta vez até trouxe testemunhas: um avião que corria em direcção a Norte andou ali bem por cima do horizonte deixando à vista a sua recta assinatura.
Viva a Primavera, viva a vida que renasce no fim de cada letargia!

Rega após corte do relvado rústico

Laranjeiras já plantadas

Por do sol com avião rumando a norte por testemunha

Pôr do sol sobre a serra da Freita, com a piscina do Paço em 1.º plano